sábado, 7 de junho de 2014

Sete de Junho

Por esses dias perguntei à uma menina de 10 anos, o que a família representava pra ela, e ela com um sorriso de canto de boca, respondeu: "um coração completo". Conhecendo seu histórico e âmbito familiar (de troca de casa, de abandono, rejeição e traumas - enfim, encontrou um lar ao seu gosto - o tanto de dor que essa menina sentiu, em toda a minha experiência de vida não senti. Concordo com quem acredita que idade não tem haver com experiência, a vida trata de nos apresentar. Mas seria mesmo necessário toda a vivência dessa pequena criatura?), fiquei perplexa por alguns (longos) segundos; refleti nisso durante alguns dias, nos seus pais, avós e tias que têm contribuído para o crescimento e educação dessa criança. Por mais que eu tenha consciência do que essa "garotinha" enfrentou/enfrenta, eu não tenho noção do quanto a atual influência familiar a têm tocado, e por sua resposta, acredito que é profundamente. Me veio à mente a responsabilidade de educar uma criança, principalmente nos dias de hoje, e não digo isso por conta da política (que desde outrora nem quisera apresentar à minha possível posteridade), drogas, violência e toda essa " modernidade" suicida que vivemos e que nem nos é dado o direito de discordar/opinar que seremos punidos (num País democrático?); falo pelos próprios responsáveis, inclusive, já havia citado em um outro texto que os tais são: máquinas de fazer sexo e boas parideiras (ou seria parideiras boas?), que não se preocupam no mínimo com o sentimento do pequeno coração que nem precisa de tanto para estar completo, mas, que o pouco que lhe é acrescentado e/ou tirado o deixa incompleto. É tão normal haver famílias diferentes, dentre elas, mães e pais solteiros, e em muitos casos pude notar tamanha responsabilidade, amor e vocação para tal tarefa (a do serem pais), porém, nem sempre pedimos "permissão" aos pequeninos de fazerem um experimento com suas vidas indefesas. Qualquer pessoa pode ter um filho hoje em dia, seja por inseminação, barriga de aluguel, por conveniência, por adoção - nesse caso, acredito que é amor pra valer, não que os outros não sejam mas, na maioria das vezes (e em quase todas) não se "ganha" nada com isso, a única recompensa é a de serem pais, que é melhor que loteria (citei o exemplo porque o mundo que vivemos é capitalista) -, e então, dessa forma, fica mais fácil experimentar a sensação de ter um filho. Onde quero chegar com isso? Exatamente nos dez anos depois do nascimento dessa garota que não pediu para vir ao mundo, mas que de alguma forma, hoje consegue sentir-se com o coração completo. Dizem, que é fácil enganar criança, mas dizem também que quando nasce uma criança um mundo inteiro sorri. Julgo que houve trocas, nesse caso. Acho digno que todos os seres experimentem as melhores sensações que a vida oferece, acho mais justo ainda que crianças não façam parte de um experimento (sacana, irresponsável, desumano, banal), e que possuam um lar, educação, pais e família que merecem/desejam ter. Tenho esperança que o amor seja o domador dos sentimentos de toda humanidade e que casos assim não precisem ser repetidos. Que a sensação de ter um filho seja trocada pela sensação de serem pais.

Por Evilin Melo.