quinta-feira, 3 de agosto de 2017

"Desistir é para os Fracos"

Sempre que ouço ou leio essa frase, percebo o que já parece clichê, mas não é. O ser humano está transformando-se em outro ser, que ainda, em nomenclatura - para mim - é desconhecida. 
E, em minhas entrelinhas racionais, pergunto-me: desistir do quê? De quem? Alguém já parou para pensar que desistir também é uma forma de continuar? Continuar a vida, desistindo de algo que impedia a caminhada, desistir de alguém que não te acompanhava.
A desistência, nem sempre é sinal de derrota, é sim, mais uma maneira de revirar toda a sua vida e começar a colocá-la no eixo daquilo que você deseja, afinal, todos estamos em busca do estado de felicidade.
Não precisamos nos apropriar de todas essas frases de efeito, espalhadas por aí. Nem tudo que nos dizem, serve para nós. Cada pé tem seu tamanho e consequentemente seu sapato ideal. Quem desiste, para prosseguir, sabe do que está desistindo.
Desistir também é um ato de coragem!


Évilin Melo. 

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Cinco de Fevereiro de 2017

Em minhas idas e vindas, eu ando prestando atenção no movimento e nas cores do mundo. É tudo tão lindo, mas o ser humano tem uma capacidade de acabar com esse balanço lindo e colorido que recebemos: vida. 
O calor humano, gentileza e respeito, principalmente, cederam lugar à intolerância. Não. Não estou falando de amor - isso sim, é algo que excede nosso entendimento. Mas, tolerância não é algo que deveríamos deixar morrer. 
Não é porque eu não gosto de arroz que preciso matar quem come arroz; preferir ir à piscina do que à praia, não nos dá o direito de simplesmente nos achar melhor que o outro.
Tolerância não estar relacionado ao ato de achar certo ou errado o que o outro faz ou escolhe e sim, ao fato de que mesmo que você prefira outra coisa ou até mesmo não goste das mesmas coisas que o próximo, nos faça viver em paz, cordialmente (o que me parece que essa palavra não só sumiu do planeta, como também em vivência).
Confesso, há coisas que para mim são insuportáveis, mas tento me permitir à tolerância, não só para o bem comum, mas tanto quanto para o meu próprio bem estar.
Que nesse novo ano que se iniciou, estejamos dispostos a tolerar as cores que não escolhemos pra nós, mas que alguém, que não é nem melhor e nem pior que eu/você, escolheu como a sua preferida.
#AvidaSegueNoGerúndio

sábado, 7 de janeiro de 2017

Cuide Da Sua Mente ll Janeiro Branco

Há algum tempo, tenho vontade de escrever sobre a experiência da mente humana, mas nunca me vi capaz para tal, além do que, há vários estudiosos que a estudam e ainda assim, em muitos casos, pouco sabem sobre ela.
Mas, falar da minha mente e dos pesadelos que nela (ainda) existem, talvez seja uma maneira de ajudar alguém.
É comum observar que pouco se sabe sobre muitas coisas no mundo, embora, tudo esteja tão escancarado, os olhos das pessoas para o horizonte das outras, permanecem fechados. O que noto, principalmente, em redes sociais são os sinais que as pessoas deixam e nós os ignoramos e deixamos muitas vezes, escapar uma vida e um ser humano, que pode - ou não - ser tão incrível quanto você.
Para quem me conhece sabe que o perfeccionismo acaba me prejudicando em alguns sentidos. Um exemplo? Eu não me perdoo em errar algo que eu sei realizar, principalmente, quando estou sendo avaliada.
Em meados de 2012, tive uma forte crise de ansiedade, acarretada de tensões não expostas do ano anterior. Não é fácil falar sobre isso. Nunca é. Mas, há pessoas que precisam saber: que nosso tempo não é igual ao tempo das outras pessoas. Cada um possui um relógio próprio para que as coisas aconteçam e isso não te torna nem melhor e nem pior que as outras pessoas. Apenas, seu ritmo de vida é diferente. Somos todos diferentes, isso se distribui em cores, sabores e amores.
Voltando a parte da ansiedade, além dos reflexos físicos que meu corpo recebeu como, perda de 12kg desenfreados, em menos de dois meses, quedas de cabelo e unha, havia ainda um multidão despreparada para lidar com alguém como eu, inclusive, meus parentes; a ponto de, quando eles chegavam em minha casa, eu já estava trancada no quarto. Frases sem maldade como: "nossa, como você tá magra", "você está doente?", ou "o que está havendo com você?", levavam-me para um universo ainda mais distante do deles. Afinal, eu também estava despreparada para eles, porque, de fato, eu estava doente.
Até que isso entrasse na minha cabeça, custou. Custou noites em claro, lágrimas exacerbadas, custou mais perdas de quilos, custou as minhas forças, custou minha dança . Foi aí que me vi obrigada a procurar profissionais para me ajudar, além da minha fé, que nunca falhou em quem sempre confiei.
Bom, depois que fui tomando os medicamentos e fazendo a terapia normalmente, eu notei que minha vida estava paralisada. Eu parei de trabalhar, eu parei de viver, eu era um corpo ocupando um lugar no espaço, um corpo sem movimento. Eu me olhava no espelho e não me reconhecia. Eu comia qualquer refeição chorando e não saía de casa por nada. A partir disso, notei o quão necessário era aquele tempo para mim, sim, parada. Pra me notar, me perceber e me ajustar.
 Ajustar o relógio da minha vida e do meu tempo. Saber que tenho limites e nem tudo acontece com a mesma fluidez como eu gostaria. Vi amigas casando, tendo filhos, viajando, sendo promovidas no emprego e a minha meta de vida era ir ao supermercado sozinha. Eu tive que perder alguns compromissos de amigos queridos. Alguns casamentos, aniversários, festa, réveillon e algumas viagens de férias pra perceber que mesmo parada a vida seguia e eu tinha que seguir também.
Logo após os primeiros passos ao mercado eu fui me redescobrindo em pequenas coisas.
Encontrei refúgio num banho de mangueira, na chuva que caía a tarde, nos pássaros que ficavam no fio elétrico, na dança dentro do meu quarto.
As pequenas coisas, foram se tornando grandes realizações e eu comecei a me desprender da cama e a caminhar mais pelo quintal da minha casa.
Eu não conseguiria descrever os momentos com gosto de morte que passei, isso: passei.
Muitas fotos nas redes sociais, com sorriso no rosto, eram máscaras de escape; escondiam meus vômitos e choros que pareciam não findar. Quando voltei aos poucos a normalidade da minha vida, ninguém percebia nada, e poucos dos que percebiam não se importavam, mas eu comecei a me importar e valorizar mais a mim do que qualquer outro status que eu pudesse ter. Cuidei da minha mente para que todo o resto voltasse a funcionar, inclusive meu tempo, minha rotina, minha vida, minha dança, meu movimento.
Muita gente não sabe o que houve.
 Minha mãe, uma guerreira inigualável, me acompanhou de perto, juntamente com uma única amiga que nunca desligou o telefone nas altas madrugadas quando eu queria e insistia em desistir da vida.
À elas, minha eterna gratidão!
Há pessoas que vivem assim. E esse texto é para elas. Tudo passa, inclusive essa dor que você sente. Não desiste da vida, não.
Encontra teu compasso em cada passo dessa estrada traiçoeira, mas tão boa de se viver. Se possível, pare um pouco, descanse, mas continue a andar. Tire um pouco as sandálias, pode ser pesado demais continuar de sapatos, mas continue.
Tudo tem um tempo, cada pessoa tem uma dança própria e tem preferência por um ritmo (a gente pode e deve escolher o que preferimos).
Cuida da sua mente, não apenas em datas ou meses específicos. "Janeiro Branco" é mais um mês de conscientização, mas cuide-se todos os dias. Quem precisa de você é você mesmo (a).
"Não se afobe, não. Que nada é pra já."