segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Dezembro Chegou!

Geralmente, por ser o último mês do ano, esse é o mês que "passamos a régua", na lista que fizemos no réveillon passado. 
Depois desse balanço, percebemos o que nos resta de saldo: positivo e/ou negativo.
É aí, nesse meio tempo (ou pouco tempo que nos resta) do "finzinho" do ano, que bate o desespero. 
Há uns meses atrás, eu estaria "pra lá" de desesperada (e olhe, que neste ano meu saldo (positivo) foi mais do que eu esperava), mas não, não estou. Embora, ainda guarde comigo muitos sonhos que não saíram do papel. "Que bom, ainda estou sonhando!", é o que me remete. 
No decorrer do ano que passou e deste ano que ainda vigora, pude aprender, - e estou aprendendo - que o tempo é algo que foge completamente do nosso controle, mas não foge do controle de Deus. Aliás, nada foge do controle d'Ele, nunca. O problema, é que pensamos que Deus tem limitações, como nós temos. Por isso, nos desesperamos. 
Deus sabe o que faz, Ele tem o tempo em suas mãos e governa tudo quanto existe dentro ou fora da Terra. Se houve esforço, na busca de conquistar seus ideais e "nada" aconteceu (saldo negativo), não é mero engano. Há Alguém controlando o Universo. Agradeça a Deus, porque Ele sabe o que faz com você (é o que tenho feito). 
É mais fácil viver num mundo caótico, dependendo de Alguém maior que eu, do que vivê-lo dependendo de pessoas tão humanas quanto às minhas mãos, presumo. 
Que o amor de Deus perdure durante o mês de dezembro e nos salve no próximo ano.

Por Évilin Melo

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Retalhos - PARTE II

Por algum motivo esses retalhos falam de mim. Afinal, somos feitos deles (será?). Juntamos tudo que acontece conosco e costuramos a fim de nos (re) cobrir dessas experiências, dos outros e nossas (pouco de nós). Acabo por entender que nos formamos muito mais de outros, outras coisas do que de nós, provenientes de escolhas que atraímos e por que não dizer buscamos? “Não busco/busquei dor; o que queria mesmo era amor”. Contudo, não se pode esperar de uma árvore, flores cheirosas sempre, e vitalidade eterna. Embora, a vitalidade também significa possuir folhas secas bem como o amor têm suas dores. Concordo com que evita a dor, mas, no findar, suspeito que não prove de um sentimento que queima a cabeça e descompassa a batida do coração. No final, a dor do amor é tão intensa quanto o sentimento de amar. Por isso, dói como alguém que estar à beira de perder-se, perder o mundo, a cor e até a dor... Entendo muito bem! Enxergo de modo simples, mesmo querendo implicar comigo mesma. Forçando-me a discordar do que eu acho e não daquilo que luto para achar. 
Quem abre mão dos retalhos não terá um cobertor para se esquentar. Não cria pele, não tem resistência, não vive (não devia ser assim, a gente leva as coisas à serio demais), a gente morre de frio. Pois bem, preciso me cobrir!

Por Evilin Melo.

Retalhos

Das diversas lembranças que carrego da minha infância, lembro-me fortemente da minha avó - por parte de mãe -, em sua velha máquina de costura com muitos retalhos espalhados pelo quarto: no chão, na cama, numa mesinha pequena, que parecia uma tábua de passar roupa. Entre almofadas e carretéis de linha, em uma diversidade de tecidos, dos quais não se podiam contar, a única coisa que eu tinha certeza é que desses muitos tecidos, a maioria deles eram retalhos, como já havia falado antes, que se tornavam empecilhos para entrar no quarto que era o mesmo local de dormir e trabalhar. Certamente, não pensei em nada naquele momento, a infância é apenas brincadeira. Todavia, por algum motivo, essa lembrança me persegue, e possuo uma memória que não me deixa falhar, em quase nada. Voltando aos retalhos que minha avó costurava, das poucas vezes que consegui adentrar aquele quarto, percebi que os retalhos estavam sendo cortados em quadrados iguais e ganhavam uma forma bonita quando costurados juntos, um ao lado do outro numa medida em centímetros que desconheço, até hoje. Eu sempre voltava para casa no fim das tardes de domingo quando costumávamos ir “passar o dia” com a família, e por esse motivo, nunca via o fim que os retalhos costurados levavam. Até que, um dia, quando fugimos à regra daquela velha rotina, fomos à casa da minha avó, e observei retalhos por sobre a cama, retalhos grudados, e agora, com uma “cara” de colcha, na verdade, era isso. Aquele “monte” de retalhos espalhados pelo chão e por todo canto que minha visão pôde alcançar, agora tinha uma finalidade: enfeitar; e mais, cobria, esquentava e era uma peça de guarda-roupas tanto quanto as outras que compramos em alguma loja de cama, mesa e banho. Só que essa colcha foi costurada pela própria pessoa que a utilizaria, logo após o seu término, isso era bem óbvio. E é aí, que me permiti refletir: retalhos diversos, de estampas desiguais e texturas incomuns; juntos podem ter utilidade, podem ter algum fim.
Quem nunca se notou separado? Quem bem se percebe, percebe também o que não há em você de você mesmo. Eu mesma poderia ser um desses retalhos, separada em várias partes de mim por pessoas que julgavam melhor separá-los. Há uma frase bem conhecida que diz que "por onde passamos deixamos sempre um pouco de nós"... Em um dado momento da vida, essa é a realidade de todos nós. O problema é como recuperar as partes já espalhadas, se é que isso é possível. Considerando a impossibilidade, de recuperá-los; o jeito é refazer-se de retalhos novos, com novas estampas, para então, costurar-nos novamente. Sentir-se novo é outra história.

Por Evilin Melo

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Vinte e Um de Agosto

Quando o Sol não quer sair e isso perdura; acostuma-se. Vive-se tranquilo. De tão tranquilo quase não se vive. Há quem prefira. Dias chuvosos podem ser proveitosos. Ah...  Quase sempre molhar-se e ter os pés sujos da areia salpicada da água que cai forte e que parece lavar e levar tudo embora, que um dia desarmoniosamente entrou (prá dentro mesmo – se é que isso é possível), que você por vontade própria (e muita força) abandona cada dia um pouquinho. Dançar ao som do vento forte ao pé do ouvido e por frestas de relâmpago acompanhado de trovões, quando se tenta esconder dos mesmos é uma questão de triagem. Ora quer, ora não quer! Opta-se sempre por querer (por não fazer bem feito a tal da triagem).
Sensação de puro gozo, paz, calmaria, solidão... É fascinante fazer tudo isso em dias de chuva, sim, radicalmente fascinante! A chuva é sua, e de mais ninguém. Nessa dança não cabem dois, nem soma, nem acúmulos (na realidade esses acúmulos, o levaram até ali). É exílio por escolha, talvez medo. Isso é a “cara do medo”.
Espere um pouco! O Sol, outrora se recolheu, entretanto, voltou. E olhe só: nem avisou. Você nem contava com isso. Programou-se totalmente para os dias de chuvas. E claro, os nublados, você tira de letra. Comprou capa de chuva, bota de chuta, guarda-chuva e essa coisa toda de inverno. Todas as peças num tom escuro que é para combinar com os dias, óbvio. Sim, mas e o Sol? Ele está aí. E agora? Sua luz cada vez mais forte começa a fazer com que você enxergue o chão que pisa ou evita pisar – há muito tempo. Ele seca as suas roupas, que parecem não combinar em nada com o dia que Ele te dá novamente (é possível?). Cheiro de flor. De brisa. Pássaros. Gente na rua, à sua volta... Coração batendo (numa alegria - relutada, afinal o Sol parecia não voltar nunca mais). Ele está aí. E agora? Parece tão perfeito que você decide trocar a roupa e não esconder-se mais. Sensação de puro gozo, surpresa, recomeço, ímpar... As coisas começam a caber, acrescer, agregar e além de tantos sinônimos, tudo soma (que é pra ser mais). Sensação térmica para o hoje: sensação par.

Évilin Melo

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

26 Anos Após

Do mesmo modo que a vida te prega uma peça e te faz padecer de falta e vazio na alma por almejar ter, viver e ser, não necessariamente nessa ordem. Ela te puxa, quase como que numa fração de segundos – eu quis dizer puxar pra cima, no pleonasmo. Esse tempo calcula-se pelo susto do novo que sobreveio (já escrevi sobre esse tal de novo, que chega de ímpeto. Mas, esse não. Esse é diferente). O tempo que ansiamos para que as coisas aconteçam já não é tão rápido como a “fração da surpresa”, e por isso podemos ter perdido anos de espera dentro de alguns meses. É enfadonho. Uma espera que resultou em envelhecimento da alma, agora, se finda. Folga o seu grito. A respiração volta ao seu lugar. Você começa a ter covinhas na bochecha. As borboletas chegaram à barriga... A dinâmica da vida te trouxe o novo: com o arco-íris, o pote de ouro, o céu de estrelas, o beijo molhado, o abraço apertado e tudo o mais. E você, escreve sobre isso. Tudo que sempre esperou está ali e é tão bom que não sabe como reagir... Escrever poemas, sorrir sozinha, sentar na cadeira do terraço, sentir o cheiro de terra molhada, agora são parte do novo. As luzes acenderam-se! E você será eternamente grata por isso. Mesmo que “seja infinito enquanto dure”. 

Por Évilin Melo.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Três de Julho

Estou há quase 72h sem dormir. De ontem pra hoje, minha mãe precisou ser socorrida por conta de uma virose fortíssima, segundo o médico. Já foi medicada e passa bem. Depois de uma noite em claro (pois fiquei de atalaia, na cama dela na intenção de ver qualquer reação), fui ao trabalho, e, apesar de estar “beirando” minhas férias que começam sexta-feira, sinto-me fadada ao cansaço eterno (risos). 

Bem, chegando ao trabalho deparo-me com “N” questões para resolver. Entre uma coisa e outra, começamos a conversar, eu e uma senhora que aparentava ter seus quase sessenta anos. No início, a conversa parecia sem fundamento, só pra passar o tempo.
Nesse vai e vem, ela deixou escapar: “tenho essa idade, e não há como falar do meu pai sem me emocionar; eles não estão mais aqui, nem pai e nem minha mãe, sou filha de pais separados, e ainda sinto falta do meu pai que se separou de minha quando eu ainda tinha nove anos de idade. Tive que assumir meus irmãos para que ela pudesse trabalhar, não tive o tempo deles”, percebi que tínhamos entrado num assunto tão profundo que até mexia comigo, e me comoveu sobremaneira – estava quase ás lágrimas também. Questionei o motivo, ela me disse que existem papéis que o pai exerce que não cabe à mãe, e vice-versa. Funciona como uma forma de contrapeso, pelo que entendi. Completei: "é, você tem razão, talvez se meu pai tivesse aqui, teria tomado outras decisões...”, “uma coisa é perdê-lo por obra do destino, doença, como foi o seu caso, outra coisa é: ele escolher ir”, disse ela. Respirei fundo. A conversa foi interrompida por afazeres que não podiam esperar.

Dissimulei aquelas palavras... Esquadrinhei...
O que torna o ato (de ir) desumano e indigno é o fato de que, quem resolveu ir teve a chance de escolher ser – nesse caso, ser pai -, e não deu a chance do outro escolher ser (o filho). Como se fosse possível escolher ser pai e escolher deixar de ser, depois de ter colocado uma "cria" no mundo. Certa vez questionaram-me se eu queria ser mãe. “óbvio”, respondi. Entretanto, antes disso, quero que meu (possível) filho tenha o que ele merece ter, entre educação, lazer e bem-estar, uma família. Independente dos desencontros, muitas vezes monstruosos que a vida traz. Enfim, não podia deixar passar em branco.
Anseio o dia em que a sociedade - que luta desenfreada por seus direitos -, possa reaver seus deveres ardentemente como quem não foge à luta.

Por Evilin Melo

sábado, 7 de junho de 2014

Sete de Junho

Por esses dias perguntei à uma menina de 10 anos, o que a família representava pra ela, e ela com um sorriso de canto de boca, respondeu: "um coração completo". Conhecendo seu histórico e âmbito familiar (de troca de casa, de abandono, rejeição e traumas - enfim, encontrou um lar ao seu gosto - o tanto de dor que essa menina sentiu, em toda a minha experiência de vida não senti. Concordo com quem acredita que idade não tem haver com experiência, a vida trata de nos apresentar. Mas seria mesmo necessário toda a vivência dessa pequena criatura?), fiquei perplexa por alguns (longos) segundos; refleti nisso durante alguns dias, nos seus pais, avós e tias que têm contribuído para o crescimento e educação dessa criança. Por mais que eu tenha consciência do que essa "garotinha" enfrentou/enfrenta, eu não tenho noção do quanto a atual influência familiar a têm tocado, e por sua resposta, acredito que é profundamente. Me veio à mente a responsabilidade de educar uma criança, principalmente nos dias de hoje, e não digo isso por conta da política (que desde outrora nem quisera apresentar à minha possível posteridade), drogas, violência e toda essa " modernidade" suicida que vivemos e que nem nos é dado o direito de discordar/opinar que seremos punidos (num País democrático?); falo pelos próprios responsáveis, inclusive, já havia citado em um outro texto que os tais são: máquinas de fazer sexo e boas parideiras (ou seria parideiras boas?), que não se preocupam no mínimo com o sentimento do pequeno coração que nem precisa de tanto para estar completo, mas, que o pouco que lhe é acrescentado e/ou tirado o deixa incompleto. É tão normal haver famílias diferentes, dentre elas, mães e pais solteiros, e em muitos casos pude notar tamanha responsabilidade, amor e vocação para tal tarefa (a do serem pais), porém, nem sempre pedimos "permissão" aos pequeninos de fazerem um experimento com suas vidas indefesas. Qualquer pessoa pode ter um filho hoje em dia, seja por inseminação, barriga de aluguel, por conveniência, por adoção - nesse caso, acredito que é amor pra valer, não que os outros não sejam mas, na maioria das vezes (e em quase todas) não se "ganha" nada com isso, a única recompensa é a de serem pais, que é melhor que loteria (citei o exemplo porque o mundo que vivemos é capitalista) -, e então, dessa forma, fica mais fácil experimentar a sensação de ter um filho. Onde quero chegar com isso? Exatamente nos dez anos depois do nascimento dessa garota que não pediu para vir ao mundo, mas que de alguma forma, hoje consegue sentir-se com o coração completo. Dizem, que é fácil enganar criança, mas dizem também que quando nasce uma criança um mundo inteiro sorri. Julgo que houve trocas, nesse caso. Acho digno que todos os seres experimentem as melhores sensações que a vida oferece, acho mais justo ainda que crianças não façam parte de um experimento (sacana, irresponsável, desumano, banal), e que possuam um lar, educação, pais e família que merecem/desejam ter. Tenho esperança que o amor seja o domador dos sentimentos de toda humanidade e que casos assim não precisem ser repetidos. Que a sensação de ter um filho seja trocada pela sensação de serem pais.

Por Evilin Melo.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Vinte e Sete de Maio

Comumente me pergunto o que podemos fazer para melhorar o mundo, as pessoas e contexto de vida social que levamos. Hoje não foi diferente. O corre-corre da vida nos estressa tanto a ponto de não olharmos os mínimos detalhes, sem querer usar um clichê, são eles que fazem a diferença. Recebi um mimo e quero compartilhar a nobre atitude de uma garota, que além de especial é sim uma garota em crescimento. Dos mimos, um bilhete, o mais rico que ganhei nos últimos meses, acompanhado de um ramalhete de flores (“beira de estrada”) colhidas durante o caminho de casa à escola, embrulhadas com um plástico (para não machucar minhas mãos, segundo ela) e com uma fitinha vermelha, somada a um frasquinho de perfume. No bilhete, as seguintes palavras: “- Tia me desculpe se eu te fiz alguma coisa. Você é a minha preferida. Te amo. Évilin Melo, te amo!”.
O que mais me comove nessa história, é que essa garota veio do interior de Pernambuco com problemas de socialização, e hoje me ensinou uma maneira linda de socializar, talvez, a única correta. Num detalhe que o cotidiano não nos deixa notar; não tenho nada a desculpar essa pequena. Respondendo a minha pergunta, mesmo que só melhore, não vejo outra forma de mudar o mundo, se não for o amor.

Por Evilin Melo.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

“Atitude de mulherzinha”!

Sinto-me extremamente ofendida quando atitudes ordinárias são confundidas.
Posturas medíocres, adotadas por alguns homens e mulheres, recebem, no fim das contas, o nome de “atitude de mulherzinha”. Afinal, quem é essa tal? 
Certa vez, sentada em uma praça, observei o movimento das pessoas que passavam por ali. Naquele dia, tinha um grande fluxo de pessoas, o que me fez demorar a perceber um casal, ao fundo, acredito-me que discutindo, pois o tom da voz e os gestos das mãos (da mulher) não deixavam enganar. Com o passar dos minutos o fluxo foi diminuindo e tive a certeza de que era uma “briga”, e das feias. Tentei desviar o olhar várias vezes, para não ser notada, mas, já me sentia curiosa. Já que eu precisava ficar ali, fiquei. Sem ao menos esperar, ela, a mulher, deu um tapa bem estalado na “cara” do homem, acompanhado da seguinte frase: “faço isso pra você aprender a me respeitar, e a não brincar comigo!”. Nessa hora, o local já estava aglomerando com pessoas, olhando umas “pras” outras, desconfiadas, e comentando baixinho. Só fiquei arregalando os olhos e aguçando os ouvidos para ver no que ia dar. Nem durou muito. Depois disso ela pegou a bolsa, e saiu falando palavras de baixo calão. O homem mexeu alguma coisa no celular, olhou sorrateiramente e a seguiu, a poucos passos de distância.
A praça voltou a ficar sossegada, mas eu ainda me demorei por lá.
Uma senhora aproximou-se de mim e perguntou: “Você viu aquilo? Que atitude de mulherzinha!”. Nem ao menos respondi e ela foi-se, como alguém que só quis comentar e me deixou acenando com a cabeça, confirmando que eu tinha visto; não levando em conta os motivos que levaram aquela mulher a fazer aquilo, em praça pública. Aquela mulher teve uma atitude de pouco valor. Mas, se eu pudesse rotular essa “atitude de mulherzinha”, ofereceria esse rótulo para os dois. Porém, me recuso a usar esse o mesmo. Mulher é mulher, e tem atitudes certas ou erradas que as diminuem ou as enobrecem. E, homem é homem, que tem atitudes certas ou erradas os diminuem ou os enobrecem.

Por Évilin Melo.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

A vida não é feita só de sofá


A vida não é feita só de sofá

A maior sabedoria da vida é o aprendizado, e ele exige muito de nós, até mesmo o insuportável. Algumas coisas acontecem na nossa vida e nós ficamos perplexos sem sabermos como deixamos chegar a tal ponto, elas simplesmente acontecem. A pergunta é: e depois que acontecem o que fazer? Muitos de nós se jogam no sofá com um controle remoto na mão, um cobertor e ficam ali por horas, por dias, por semanas e até meses, tentando encontrar nesse círculo fechado a saída, sim, por que depois que se jogam no sofá o círculo fechou e aparentemente já não tem como sair de lá. Li um livro recentemente que falava sobre isso, pessoas que foram roubadas de si, por alguém, por elas mesmas. Pessoas que se dedicam tanto a algo/alguém que acabam ficando sem nada de si no próprio ser. Todos os dias acordamos com força total para nossas atividades, não nesse caso, essa força natural já não é nada em relação à força que terá que ser criada nos próximos dias de sofá, não me pergunte como ela vai surgir, mas ela precisa aparecer. Os primeiros pensamentos estão sempre relacionados a quem fez isso com você ou como você foi parar ali naquele sofá, enquanto isso, tudo lá fora é festa e quando todos os seus amigos se reúnem, você se isolou, e percebeu que já se passaram alguns dias. O que pode ter de bom nisso? O que pode haver de “ensinável” em meio a lágrimas secadas pelo cobertor e sonos leves provocados por antidepressivos? A primeira coisa que entendo disso, é que vai passar. Não importa o tempo que leve, é o seu tempo de levantar-se do sofá que vai dar início ao seu regresso. Depois de tanto massacre com a sua própria alma e seu coração, finja que se deixou vencer e vença essa vida ínfima. Outra coisa, não menos importante, é que quem/o que fez isso com você, não vai parar por você, não vai voltar. Afinal, a vida continua, por mais que essa frase pareça clichê, é a verdade nua e crua. A pior das ilusões é achar que alguém/algo é seu pra sempre, isso não é verdade, talvez você leve dentro de si alguma coisa que você “roubou” de alguém, e que vai ficar pra sempre, mas é só, apenas isso. A pior coisa do mundo é fazer quem você ama sofrer, então não faça isso com si mesmo. Eu bem sei que a essa altura do campeonato, dentro de você só existe um buraco entre a dor e as lembranças, é preciso ir, além disso. Agarre-se ao único fio de esperança que lhe resta. E lembre-se você não enlouqueceu, a vida é circular e algumas coisas só duram enquanto estão passando por você, e quando passarem, deixe ir, e já que você não pode ir junto, firme-se. Já disse alguém: "faça da dor poesia", pois então, poetize. Deitar no sofá por alguns “instantes” não é demonstrar fraqueza, pense que você está se reabastecendo, você deu tudo de si pra alguém/algo e ficou sem nenhuma reserva pra você. Descubra a alegria que há em poder escolher. Escolher levantar do sofá, desligar a TV e descobrir o Sol que te espera lá fora independente da chuva que possa cair. É preciso saber que decepções e tristezas acontecem com todo mundo, você não é único nisso. Escolha amar de novo. Escolha se amar de novo. Escreva uma poesia.


Por Évilin Melo