quarta-feira, 6 de maio de 2015

RECOMEÇAR (NO AMOR?).

Se começar é difícil, imagine recomeçar?

Todo recomeço é um novo começo dobrado: de empenho, dedicação, medo, de mudanças, de novos aprendizados e novas descobertas... As inseguranças do passado vêm à tona triplicando a vontade de parar tudo aquilo que parece bater na sua porta como da primeira vez.
Principalmente, se você foi a parte mais afetada da história, sim, porque ambos se machucam quando uma relação termina (talvez você nem entenda o motivo da dor do outro, já que não  causou tanto estrago em si...
Penso que recomeçar deve ser diferente de tudo que já foi vivido, literalmente. Obviamente, há a diferença de que ambos (do passado) já se conhecem, até então, a intimidade é algo que ajuda (será?). A não ser que seja para lembrar os defeitos e traumas vivenciados, o que estragaria tudo de vez e para sempre, o que transformaria a vida do casal em (re) construção, numa espécie de relação platônica.
Penso também que o recomeço deve ser a realização dos sonhos que não se realizaram (os possíveis, claro); aqueles que você esperava: apenas um sábado exclusivo ‘pros dois’, comendo pipoca no sofá e vendo qualquer filme na tevê, ou conhecer um lugar planejado que nunca foram. Ah, penso que poderiam viver um amor adolescente, que não conseguem deixar de se pensarem. Embora obrigações e vida corriqueira...
Mas, o recomeço é árduo. É andar nos trilhos consciente que pode cair. É corda bamba. É escuro sem vela. Penso em tanta coisa, que até varinha de condão deveria entrar nessa pra não estragar o negócio. Tem que ter peito. Matar aquele velho leão por dia, ou melhor, matar os fantasmas do passado. Mas tem que se ter um aliado (aliado forte), nesse caso: o parceiro. E esse aliado não precisa ser o de antes. Você pode recomeçar em tudo, inclusive, escolhendo quem também te escolhe. 
Ninguém recomeça nada sozinho, ninguém muda a história no vácuo de palavras... Ninguém pode pegar sua própria mão e dizer: “vamos em frente”.
Para recomeçar ambos precisam estar de acordo com tudo, e isso, inclui “regras”. Penso também, que ambos precisam lerem-se, sem nem ao menos trocar palavras. Cada passo de um, deve ser confirmado,  no outro.
O ponto do recomeço está nos erros do passado: não praticá-los. Mas dispor disso não está nos planos de tantos recomeços...
Entretanto, penso também, que deve haver tolerância entre uma coisa ou outra que o passado traga. Afinal, “ainda somos os mesmos”.
No fim das contas, o recomeço é pagar pra ver. É arcar com as consequências, é embarcar num barco (sem remo – talvez). É o incerto de novo tentando fazer dar certo e fazer acontecer.
É saber que pode ser furada, areia movediça... E mesmo assim achar saída pra recomeçar dentro ou fora do labirinto.
Nesse caso, já nem sei se cabe ao amor decidir.
Nem sempre a emoção ganha, mas se a razão decide, ao fim o que era utopia torna-se real. Palpável. "Sábia decisão é decidir amar.".

Por Évilin Melo.