Quando
o Sol não quer sair e isso perdura; acostuma-se. Vive-se tranquilo. De tão
tranquilo quase não se vive. Há quem prefira. Dias chuvosos podem ser
proveitosos. Ah... Quase sempre
molhar-se e ter os pés sujos da areia salpicada da água que cai forte e que
parece lavar e levar tudo embora, que
um dia desarmoniosamente
entrou (prá dentro mesmo – se é que isso é possível), que você por vontade própria (e muita força) abandona cada dia um pouquinho. Dançar ao som do vento forte ao pé do ouvido e
por frestas de relâmpago acompanhado de trovões, quando se tenta esconder dos mesmos é uma questão
de triagem. Ora quer, ora não quer! Opta-se sempre por querer (por não fazer
bem feito a tal da triagem).
Sensação de puro gozo, paz, calmaria, solidão... É fascinante fazer tudo isso
em dias de chuva, sim, radicalmente fascinante! A chuva é sua, e de mais ninguém.
Nessa dança não cabem dois, nem soma, nem acúmulos (na realidade esses acúmulos, o
levaram até ali). É exílio por escolha, talvez medo. Isso é a “cara do medo”.
Espere um pouco! O Sol, outrora se recolheu, entretanto, voltou. E olhe só: nem
avisou. Você nem contava com isso. Programou-se totalmente para os dias de
chuvas. E claro, os nublados, você tira de letra. Comprou capa de chuva, bota
de chuta, guarda-chuva e essa coisa toda de inverno. Todas as peças num tom
escuro que é para combinar com os dias, óbvio. Sim, mas e o Sol? Ele está aí. E
agora? Sua luz cada vez mais forte começa a fazer com que você enxergue o chão
que pisa ou evita pisar – há muito tempo. Ele seca as suas roupas, que parecem
não combinar em nada com o dia que Ele te dá novamente (é possível?). Cheiro de
flor. De brisa. Pássaros. Gente na rua, à sua volta... Coração batendo (numa
alegria - relutada, afinal o Sol parecia não voltar nunca mais). Ele está aí. E
agora? Parece tão perfeito que você decide trocar a roupa e não esconder-se
mais. Sensação de puro gozo, surpresa, recomeço, ímpar... As coisas começam a
caber, acrescer, agregar e além de tantos sinônimos, tudo soma (que é pra ser
mais). Sensação térmica para o hoje: sensação par.
Évilin Melo
Nenhum comentário:
Postar um comentário