Renascer é preciso. Refazer é mais que necessário. Até
chegar a esse pódio é imprescindível passar pelo caminho das cinzas e de alguma
maneira encontrar o equilíbrio que o faça renascer, refazer, reviver. É
impossível enxergar novos horizontes com antigas lembranças de um pôr de Sol
que se já viveu que já passou. Chorar o luto, enterrar as dores é essencial
para se abrir para o nascer de uma nova vida. Ninguém é completo para o novo se
não colocar um ponto final no velho. É como um download de um vídeo que antes
de completar seu carregamento normal é interrompido estupidamente e nunca se
saberá qual é o seu final. Sempre haverá uma pendência, uma curiosidade do que
não foi esclarecido, do que não foi explicado. Viver bem é uma coisa, viver em
paz e feliz são outra coisa. E isso depende muito mais de si do que do outro.
Estar completo para esperar a novidade é tarefa difícil, só mesmo com muito
esforço, por que afinal, quem está preparado para chorar o luto do que se quer
que viva? Quem se dispõe a enterrar um amor que já amou demais? Uma vida, um
sonho, uma realidade? Eu mesma, ainda não encontrei esse caminho. Na vida, foi
sempre assim, por mais que eu tenha deixado em ações e palavras - as pessoas,
as coisas, as lembranças – me deixam primeiro. Isso dói. Ninguém vem com manual
de desapegar em três, dois, um. A contagem é muito maior que isso e se torna
infinita diante da nobreza do apego que se tem a elas. Na maioria das vezes
leva anos, longos anos, que por mais que se sobreviva a esse funeral, na
lembrança sempre viverá, não com a mesma intensidade, ou com tamanho
sentimento, mas com certeza, com cada batimento cardíaco.
Por Évilin Melo
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